sexta-feira, 7 de abril de 2017

Não seja um porquê: 13 Reasons Why

Ultimamente a gente vem se policiado e notamos que estamos assistindo e falando sobre diversas séries voltadas ao público teen. E por mais clichê que pareça, a fase da adolescência pode ser a mais complexa, a mais tensa na vida de muitas pessoas. Seja por falta de amigos, questões sobre sexualidade, problemas com os pais, pressões na escola e os mais variados desafios da adolescência. Ou seja, todo e qualquer acontecimento pode chegar a tomar proporções gigantescas nessa fase, seja ele bom ou ruim. E 13 Reasons Why, a nova série da Netflix, cumpre o papel de entregar todos esses terríveis clichês da era adolescente. 

Hannah Baker
No post de hoje, vamos compartilhar, sem spoilers, uma série, que diferente do que estamos acostumados, tem como pauta um assunto muito sério: suicídio, depressão, ansiedade, homofobia, todos os assuntos que precisam ser falados, precisam ser abordados. É uma série adolescente, mas que precisa ser assistida por todas as pessoas.

Com nomes como os de Katherine Langford, Dylan Minnette, Christian Navarro, Alisha Boe, Brandon Flynn, Justin Prentice, Miles Heizer como Alex Standall, Derek Luke e Kate Walsh, 13 Reasons Why, com apenas uma semana de estreia, com pouco tempo de exibição, a série da maior provedora global do mundo já conquistou uma legião de fãs e faz sucesso nas redes sociais e fora dela. 

13 Reasons Why é uma série homônima baseada no romance escrito em 2007 por Jay Asher, foi adaptada por Brian Yorkey e Diana Son, e desenvolve-se sobre a história de dois personagens: Hannah Baker e Clay Jensen. A série se passa em duas marcas temporais, passado e presente, tendo assim duas percepções. Hannah, interpretada por Katherine Langford, é uma jovem que está no auge do ensino médio, que devido ao bullying que vinha sofrendo pelos amigos, comete suicídio, deixando sete fitas cassetes, numerando treze motivos, cada qual em um lado, do porquê de ter tirado a própria vida. Já Clay, interpretado por Dylan Minnette, é o típico estudante tímido, introvertido, melancólico e com poucos amigos. Clay era apaixonado por Hannah, e é uma das pessoas a quem ela deixa as fitas. O personagem deve escutá-las e passá-las adiante ou elas se tornarão públicas. E os treze motivos, os treze porquês, são nada mais nada menos que treze pessoas. A temporada possui treze episódios, contando a cada episodio um lado das fitas e das respectivas pessoas. 

Clay Jensen e Hannah Baker
É interessante mencionar que no início da temporada, nos primeiros episódios, Hannah mostra ser uma personagem empoderada, badass, mostrando todo o conceito de que pessoas duronas se escondem atrás, mascaram suas verdadeiras emoções e sentimentos. Outro fator interessante é que em determinado momento, descobrimos que Clay já teve ajuda psicológica e que precisa se medicar, mas isso não foi muito explorado na primeira temporada.

Por todos os ângulos que se olhe a série acertou em cheio, seja no roteiro, na trilha sonora, a fotografia e escolha de elenco, tudo funcionou muito bem, a forma que a historia foi contada, alternando as cenas entre passado e presente. Sério, Netflix. Você arrasou! E olha, nós não lemos o livro ainda, não sabemos ao certo o que vai acontecer. Mas queremos a segunda temporada pra ontem. Inclusive, questionadas diante de tamanha comoção do público, Selena Gomez, uma das produtoras da série e Katherine Langford, a Hannah, ambas concordam sobre possível segunda temporada, e dizem há muita coisa a ser contada ainda. Então vamos providenciar isso, né Netflix?! Agradecido.

Uma pesquisa realizada pelo IBGE, em parceria com o Ministério da Saúde, no ano de dois mil e treze, revela que 7,2% dos jovens sofrem bullying e 20,8% praticam o ato contra colegas, ou seja, um em cada cinco adolescentes praticam bullying no Brasil. Em abril do ano passado, o Senado aprovou um projeto de lei, que estabelece o dia 7 de abril como o Dia Nacional de Combate ao Bullying e à Violência nas Escolas. A escolha da data para a celebração foi feita em memória às vítimas de uma chacina em uma escola no Rio de Janeiro.

Você pode estar assistindo o trailer da série aqui.

Voltando a 13RW, não é uma série divertida, não é uma série engraçada, não é uma série romântica, não é uma série aonde você vai shippar casais, é uma série triste, uma série horrível, com um assunto perturbador, mas um assunto que precisava ser abordado. É uma série que nos faz refletir, que mostra o que uma palavra, um gesto pode causar em algumas pessoas, ter empatia e não ser um porquê. É uma série angustiante de se maratonar, porque ela vai tocar quem já sofreu e/ou praticou o bullying, ou que conheça alguém que já tenha passado por isso. Muitas pessoas devem ter se identificado com a Hannah, mas a maioria delas, com toda certeza, devem ter se identificado com os motivos, sendo um dos 13. E como já mencionado, a série não faz sucesso apenas nas redes sociais, mas também fora dela, na vida real. Conscientizando e alertando o telespectador. Então, obrigado, Netflix, por tratar de um assunto tão sério de forma tão linda e emocionante. #NaoSejaUmPorque



"Faço o possível para escrever por acaso. Eu quero que a frase aconteça. Não sei expressar-me por palavras. O que sinto não é traduzível. Eu me expresso melhor pelo silêncio. Expressar-me por meio de palavras é um desafio. Mas não correspondo à altura do desafio. Saem pobres palavras." Clarice Lispector